PSA compra Opel da GM por cerca de 2 bilhões de euros
Peugeot-Citroën supera a Renault ao se tornar a 2ª maior fabricante de veículos da Europa
O grupo PSA, fabricante de veículos Peugeot e Citroën, acertou a compra da marca Opel da General Motors, em um acordo que avalia a marca em 2,2 bilhões de euros (cerca de R$ 7 bilhões). O negócio foi confirmado na segunda feira, 6 de março, em Paris.
Aparentemente, a negociação foi fechada quando a GM concordou em colocar bem mais do que os dois bilhões que havia oferecido inicialmente. E a PSA concordou em não usar os Opel para competir com a GM em mercados importantes, como a China.
Com a compra da Opel, a PSA superou a Renault e tornou-se o segundo maior grupo de automóvel europeu, com uma participação de mercado de 16%. A Volkswagen tem 24%.
A PSA afirmou que vai recuperar os negócios da Opel e da marca britânica Vauxhall, e definiu meta de margem operacional de 2% dentro de 3 anos e de 6% até 2026. O plano envolve 1,7 bilhão de euros em cortes de custos conjuntos.
Na Europa, a Opel é responsável pela produção de modelos como Astra, Corsa, Meriva e Zafira, todos atualizados em relação aos que eram vendidos no Brasil e já saíram de linha. Além disso, a marca tem versões europeias de modelos Chevrolet, como o Mokka, que é o SUV Tracker, e, futuramente, o Ampera-e, que é o elétrico compacto Bolt.
Será que os modelos serão novamente fabricados no Brasil? Nenhuma das marcas da PSA (Peugeot, Citroën e DS) conseguiu se estabelecer no país em segmentos como os de sedãs e hatchbacks médios. E a Opel, travestida de Chevrolet, sempre foi forte entre eles por aqui. Basta nos lembrarmos de Vectra e Astra, respectivamente.
Já os modelos compactos, como por exemplo, o 206, desfrutou de relativo sucesso, mas nada se compara ao que o Corsa teve em terras brasileiras, especialmente em sua primeira geração.
No caso do Picasso e C4 Picasso as vendas também não foram ruins, mas nada comparado à Zafira.
A patente de todos os nomes de modelos da Opel vendidos no Brasil é da Opel. Se ela deixar de ser GM, leva consigo as patentes que registrou.
Além da Chevrolet, a GM possui outras marcas no mundo, como Buick, Cadillac e GMC, além de parcerias com montadoras chinesas.
Sobem as ações da PSA
Depois de chegar perto da falência em 2013, a PSA vem se recuperando. As ações da PSA subiram cerca de 3% depois que o presidente-executivo, Carlos Tavares, afirmou que o braço europeu da GM poderá ter os negócios recuperados usando as lições aprendidas na própria melhora dos negócios do grupo francês.
Já a Opel-Vauxhall não lucra desde 1999.”Estamos confiantes que a recuperação da Opel-Vauxhall será significativamente acelerada com nosso apoio”, afirmou Tavares. Ele participou do anúncio do negócio junto com a presidente-executiva da GM, Mary Barra, e o presidente-executivo da Opel, Karl Thomas Neumann.
A GM vai receber 1,32 bilhão de euros pelos negócios industriais da Opel, dos quais 650 milhões em dinheiro e 670 milhões em garantias de ações da PSA.
Um adicional de 900 milhões de euros será pago pela PSA e pelo BNP Paribas pelo braço financeiro da Opel, que será operado conjuntamente e consolidado pelo banco francês.
GM fora da Europa
A venda da Opel sela a saída da GM da Europa, 8 anos depois da montadora ficar perto de vender a unidade para a canadense Magna International.
A montadora norte-americana tem enfrentado renovada pressão de investidores para focar em aumento da lucratividade em vez de perseguir a liderança global de vendas atualmente detida pela Volkswagen.
A queda da libra esterlina após o Reino Unido aprovar a saída da União Europeia, a Brexit, foi um dos pontos que derrubaram o lucro da GM em 2016. Mary Barra disse, nesta segunda, que a Brexit deu um empurrão na decisão da venda, mas não foi o motivo principal.
GM e PSA já eram parcerias desde 2012, quando anunciaram plano para produzir carros de forma conjunta. Em 2013, a montadora americana se desfez dos 7% das ações da PSA que possuía em virtude do acordo e desfez a aliança, mas tinha mantido os planos de produção combinada.
A PSA possui 14% das ações nas mãos do governo francês e outros 14% pertencem à chinesa Dongfeng: ambos foram responsáveis pelo resgate da montadora diante de graves dificuldades financeiras em 2013.