Febre amarela: tipos de transmissão
Professor de medicina da Uniara e diretor do SESA fala sobre os dois tipos: silvestre e urbana
Taquaritinga e região estão, hoje, entre as cidades que fazem parte da área de risco de infecção por febre amarela, o que tem ocasionado uma grande procura pela vacina. Entretanto, o professor do curso de medicina da Universidade de Araraquara (UNIARA) e diretor do Serviço Especial de Saúde de Araraquara- SESA, Walter Manso Figueiredo, esclarece que as áreas de risco são identificadas como locais onde estão ocorrendo os casos de febre amarela entre primatas, dentro das matas. Dessa forma, ele acredita que há motivos para a grande procura pela vacina, para quem mora no perímetro urbano, já que não existe febre amarela urbana desde a década de quarenta, no entanto, pessoas que vivem em regiões rurais ou vão a esses lugares constantemente, devem se vacinar.
Ele explica que o problema, portanto, vem de dentro da mata naturalmente, entre macacos e mosquitos que ali habitam, principalmente os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. “Normalmente investigamos os macacos. Se há morte, investiga-se se não morreu por febre amarela silvestre, para acompanhar essa questão. Então, se a pessoa entrar na mata, corre risco de contrair a doença. Os casos atuais, seja em Américo Brasiliense, ou no estado de Minas Gerais, aconteceram dentro da mata. Isso nos dá uma tranquilidade momentaneamente”, afirma.
A grande vantagem da cura da febre amarela, de acordo com Figueiredo, é que ela tem uma vacina extremamente eficaz. “Antigamente, a norma técnica preconizava que, a cada dez anos, seria preciso tomar uma dose. Então, foram feitos vários estudos em relação a isso. Hoje, quem nunca tomou, precisa de uma dose, e esperar dez anos para tomar outra. Para quem tomou há menos de dez anos, deve esperar completar o período para tomar a próxima”, ressalta.
Já no caso de pessoas que ainda não se vacinaram e que vão para áreas de mata, o indicado pelo professor é o uso de muito repelente e roupas que cubram toda a superfície do corpo. “Se for dormir na selva, o local precisa ter tela de proteção, além de outros cuidados”, diz.
A vacina leva cerca de dez dias para começar a fazer efeito. “Depois que você toma, seu sistema imunológico, para começar a criar anticorpos, demora mais ou menos esse tempo. Trata-se de uma vacina com vírus vivo, porém, atenuado”, detalha o docente.
Há, entretanto, contraindicações formais da vacina, como ele aponta. “Há grupos que não devem tomá-la. Existem pessoas que, em determinadas condições, apresentam imunidade baixa, o que pode ocasionar eventos mais graves. Portanto, em determinadas situações, procura-se evitar a vacinação como em gestantes, mães que estão amamentando, criança menores de nove meses, a não ser em áreas de transmissão da doença muita intensas, no caso, são vacinados com seis meses”, relata.
“Geralmente a febre amarela tende a se resolver em cinco ou seis dias, e não acontece nada. Eventualmente pode evoluir para casos mais graves, que é a nossa grande preocupação. São casos raros, mas quando acontecem, existe uma mortalidade muito grande”, alerta o professor, mencionando que não há um tratamento específico para a doença. “ A pessoa geralmente é internada na Unidade de Terapia Itensiva (UTI), e é preciso recompor sua hidratação. Também são verificadas a saturação de oxigênio e as condições do fígado e do rim, ou seja, é um tratamento de manutenção, onde tenta-se corrigir uma eventual hemorragia. Muita vezes, o paciente acaba evoluindo bem e fica curado; em outras ocasiões, evoluí mal, o que pode levá-lo a óbito”, destaca.
Mesmo sem haver casos há décadas, a atenção para a urbanização da febre amarela existe. “Um indivíduo entra na mata, é contaminado, vem para a cidade e entra em contato com o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. O mosquito adquire capacidade de contaminar outras pessoas. Nesse caso, vira febre amarela urbana, que seria nossa grande preocupação hoje”, aponta o diretor, que lembra que o Aedes também é responsável pela transmissão da dengue, zika e chikungunya.
Figueiredo lembra que os sintomas são muito parecidos entre as quatro doenças transmitidas pelo Aedes. “Costuma começar com febre, dores de cabeça e no corpo. No caso da amarela, a pessoa pode ter a infestação do vírus em vários órgãos, o que gera insuficiência hepática e renal, sendo que a primeira pode dar a cor amarelada na pele e nos olhos, com sinais parecidos com os da hepatite. Muitos fracos”, afirma o professor, acrescentando que, eventualmente, pode aparecer vermelhidão no corpo, principalmente em casos de dengue.
Evitar a proliferação do Aedes aegypti, portanto, é fundamental para se evitar a febre amarela urvana. “Ele é o grande transmissor. Se acabarmos com o mosquito, livremos a população de ter febre amarela urbana, dengue, zika e chikungunya, logo de cara”, enfatiza Figueiredo, que aproveita para reforçar que as três últimas também são graves, e não têm vacina. “Chikungunya traz seqüelas para o resto da vida, enquanto zika também é um grande problema, especialmente quando pensamos em gestantes e em bebês com microcefalia”, completa.
Medidas para o combate do Aedes são simples. “Consiste, basicamente, em variar a água parada em vasos, pneus, garrafas, calhas, caixas d´água, ou em terrenos baldios. Estamos em um período de muita chuva e temperaturas altas, o que é ótimo para a proliferação intensa do mosquito. Cada um deve tomar cuidado em suas casas”, avisa Figueiredo, que recomenda um link do site do Centro de Vigilância Epidemiológica(CVE), sobre a febre amarela – HTTPS://goo.gl/1V9DzB.
A Secretaria Municipal de Saúde, através dos setores de Vigilância Epidemiológica, DEMCOVE e Vigilância Sanitária, comunica que a vacina contra a febre amarela no Município de Taquaritinga continua sendo feita normalmente, na UBS Antonio Abbud, no Jardim Buscardi, de segunda a quarta-feira, das 8h às 14h; UBS Akió Nakashima, Jardim São Sebastião e UBS Ederaldo Pereira Marques, no Vale do Sol, sempre às quartas-feiras, das 8h às 14h.
Informa, também, que esses dias e horários de vacinação estão sujeitos a mudanças, conforme a procura pela vacina e também por se tratar de medicamento com prazo de validade, após abertura do frasco. Informações através do telefone 193 ou 3253.4903 (Corpo de Bombeiros) ou Vigilância Epidemiológica (3253.9333); DEMCOVE (3252.2238); e3 Vigilância Sanitária (3253.6088).